sábado, 19 de maio de 2012

Uma História Desconhecida

79 anos, de Areia Branca/RN, hoje Xapuri Afonso Pinto perdeu uma das vistas com uma 'pancada de vento' e uma perna por 'enfermidade' Papai queria que eu viesse cortar seringa para não ir para a guerra. Mamãe não queria de jeito nenhum. Na hora que a gente se alistava, diziam que aqui se juntava dinheiro com rodo. Tudo era fácil. Só que, quando nós chegamos, além de cortar seringa, ainda tinha que abrir estrada. Eu me alistei e embarquei para Fortaleza. Passei dois meses lá. Só tinha homem no pouso. Aí peguei um carro de boi para Teresina e depois um trem para o Maranhão. Passei outra temporada lá e peguei o navio para Belém. Na Baía de Marajó o navio encostou e pegou cento e tantos bois, que era para nós comer. Passei quase dois meses dentro do navio e peguei uma chatinha para Boca do Acre, um batelão para Rio Branco e outro para São Francisco. Nunca gostei de cortar seringa, mas não tive preguiça. A gente era perseguido. Não podia vender um principiozinho de borracha fora que a polícia vinha atrás, pior que ladrão. Um dia, peguei uma pancada de vento e perdi essa vista. Era bem novinho. Depois, peguei uma enfermidade e perdi a perna. Quando acabou a guerra, não tinha dinheiro para voltar para casa. Agora estou por aqui, aleijado, quase cego, mas bem de vida, graças a Deus. Ganho dois salários, e ainda ajudo quem precisa. Leia a matéria completa na revista Época, no link: ÉPOCA