segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Praias de Areia Branca Encantam Pelo Cenário Paradisíaco


Na região oeste potiguar, um litoral privilegiado pela beleza e tranquilidade que só se encontra no interior

Trezentos e trinta quilômetros, três horas e meia de viagem, separam Natal do nosso destino, na região oeste do estado de semelhança com a capital a cidade só tem mesmo as praias, lindas. Um litoral privilegiado ? E você sabe de onde vem o nome desse lugar? Apesar das montanhas de sal, não são elas as responsáveis...

Dunas de areias finas e claras. E é assim em todo o litoral da cidade. característica que deu origem ao nome do municipio: Areia Branca.

São 46 quilômetros de praias praticamente intocadas. A infra-estrutura é simples, palhoças e restaurantes rústicos garantem a refeição de quem veio aproveitar a tranquilidade do banho de mar. Aqui não tem onda e, em raros eventos, tem maior aglomeração.


Areia Branca é uma cidade pequena, tem apenas 27 mil habitantes e dá até pra andar assim, no meio da rua. Mas nos dias festivos a população da cidade chega a triplicar. Como no carnaval, por exemplo.

A folia de momo é conhecida aqui como "arrastão".Isso porque um trio elétrico passa pelas ruas da cidade atraindo milhares de pessoas.

Mas é só a festa acabar pra cidade voltar ao seu ritmo normal. Em Areia Branca, todo mundo passa o fim de tarde e o início da noite assim... do lado de fora de casa.


Cidade do interior é assim: nas calçadas quando não tem as cadeiras com as pessoas conversando em frente as casas elas ficam assim: ocupadas por mesas e cadeiras e as pessoas conversando, comendo e bebendo.

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- Não tenho medo não , nunca aconteceu nada, sempre muito tranquilo, muito bom, a gente fica sempre conversando, jogando papo fora... é bom. … tem essas vantagens.

E pra petiscar... iguaria da casa.


- É típico da região. é uma tripa suína. Vale salientar que ela é previamente fervida, antes, vai ao sol, se estende ao sol e depois volta para a cozinha pra gente fazer todo o preparo e fritá-la em óleo quente, fervendo – explica a cozinheira, Neidinha silva.

Quem vem, volta, e atesta...
- Adoro as praias, a culinária é muito boa também. Já vim várias vezes, não é a primeira vez que eu venho: recomendo – afirma a contadora, Érica Oliveira.

Veja texto e vídeo em
InterTV

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Calamidade No Nordeste



O Relato

Nos idos dos anos 60, visando reforçar o atendimento do SAR a determinados tipos de emergências, onde o emprego de helicópteros era fundamental, a 1ª ELO foi acionada algumas vezes nesse sentido, mediante o transporte aéreo do H-13 a bordo de um C-82, para agilizar o deslocamento às grandes distâncias...

... No decorrer da missão, foram surgindo outras incumbências para o H-13. O coordenador do governo estadual liberou o helicóptero para jornalistas que cobriam a calamidade, trazidos a Mossoró pelo C-47, em detrimento do material pesado de oficina para manutenção do H-19, os quais foram levados para sobrevôo da salinas de Areia Branca, inundadas na foz do rio Apodi, atrasando as missões de atendimento aos flagelados. Nessa oportunidade, estivemos também na localidade de Passagem de Pedra, onde dias antes um médico levado pelo helicóptero havia socorrido diversos enfermos, o que me valeu um presente inesperado – uma galinha viva. Não podendo recusar a oferta para não ofender aquela gente simples e despojada, o presente me foi útil mais tarde.

De outra feita, o próprio coordenador oficial, então pré-candidato nas eleições estaduais próximas, utilizou o H-13 por quase todo o dia para percorrer redutos eleitorais, promover reuniões políticas e fazer “corpo-a-corpo”. Esta última ação eleitoreira ganhou aspectos inconvenientes, quando o helicóptero da FAB, pilotado por um Oficial da Ativa, sobrevoou um acampamento de caminhoneiros retidos na estrada para Açu aguardando o conserto de uma ponte que ruíra, depois de visitado pela autoridade e, a seu pedido, devia deslocar-se “baixinho e devagarinho” ao longo da estrada congestionada para ele dar adeusinhos.

Esses fatos, reportados aos nossos Comandantes, precipitou a presença em Mossoró do Comandante do 2º/10º Gav, que assumiu de pronto a condução da missão. Embora sua chegada tenha ocorrido em menos de 24 horas, após a comunicação das ocorrências, o H-13 permaneceu no solo em “manutenção preventiva”.

Dias após, tendo se esgotado as horas disponíveis do helicóptero, foi programada uma troca por outro aparelho, que já chegara a Natal para esse fim.

O traslado do H-13 no trecho Mossoró/Natal foi planejado para um vôo de 02:30 horas, com 20 litros de gasolina extra na cabine, quando o sentido inverso foi feito em 01:40 horas. Já no trajeto, o vento forte do Nordeste subjugou a performance da possante aeronave e tivemos de realizar um pouso técnico e final na localidade de Jardim de Anjicos, depois de solicitar pelo rádio um reforço der combustível.

Enquanto aguardávamos o socorro, o guarda-campo local convidou-nos para almoçar em sua casa, uma habitação modestíssima, onde sua esposa nos preparou uma refeição com ovos, arroz e frango desfiado e nos serviu com tanta diligência que nos comoveu. Foi o mesmo que um banquete, considerando as carências que se percebia ao redor.

Na pequena cidade, a população inteira cercava a casa e nos observava como se estivesse vendo extraterrestres , talvez devido ao macacão de vôo com adereços operacionais e o porte ostensivo de arma individual, mas principalmente pela “nave alienígena”, que a todos espantou, quando sobrevoamos as casas e estacionamos no terreno ao lado.

Mais tarde, um T-19 chegou com o combustível e, ao taxiar no gramado alto, entrou numa vala encoberta quebrando a hélice de madeira. Usamos sua gasolina à vontade e trouxemos o piloto conosco para Natal.

Dois dias depois, já nos encontrávamos novamente em operação, vivendo acontecimentos inesquecíveis até o término da missão, quando o rio Apodi baixou permitindo o retorno da normalidade na região afetada.

Regressando a Natal, antes das providências para embarque do H-13 no C-82, tivemos o prazer de atender muitos pedidos de “turno de pista” dos companheiros que ainda não haviam experimentado o sabor de vôo com asas rotativas.

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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O Sal Nosso de Cada Dia



Tomislav R. Femenick

O porto de Areia Branca foi inaugurado em março de 1974, entretanto a luta para que ele se tornasse realidade durou mais de meio século. Muitos foram os homens que dela participaram. Na primeira fase, Miguel Faustino, Jerônimo Rosado, Vicente Ferreira da Mota, Luiz Fausto e muito, muitos outros. Na segunda fase, Paulo Fernandes, Dix-sept Rosado, Vicente da Mota Neto, Vingt Rosado, Antonio Mota, Vingt-un Rosado, Aluízio Alves, Dix-huit Rosado, Francisco Ferreira Souto Filho, Dinarte Mariz, Tarcisio Maia e mais uma legião de pessoas, ligadas ou não à indústria do sal.

Entretanto o "pai do porto" foi Antonio Florêncio de Queiroz. Sua participação mais efetiva deu-se a partir de 1965. Naquele ano, apesar de o governo federal ter consciência da necessidade de se encontrar uma solução para o problema do embarque do sal potiguar, havia uma disputa entre os ministros Roberto Campos, do Planejamento, e Juarez Távora, da Viação e Obras Públicas. O primeiro defendia a tese de que o terminal salineiro fosse realizado pela iniciativa privada, com apoio e financiamento do BNDE (atual BNDES). O segundo se posicionava por uma obra totalmente governamental. Antonio Florêncio, representando os industriais salineiros de Mossoró e Areia Branca, entrou na luta ao lado de Juarez Távora. Paul Ferraz, em nome dos salineiros de Macau, apoiava a idéia de Roberto Campos.

A situação tinha chegado a um ponto critico de impasse, quando o então o presidente Castelo Branco convocou uma reunião com os ministros e os industriais do sal. Nesse encontro, enquanto Florêncio defendia a idéia de um só terminal do governo para servir, indistintamente, às salinas dos estuários dos rios Mossoró e Assu, Paulo Ferraz se posicionou pela solução privada, entretanto só para as salinas de Macau. O resultado foi uma solução intermediária: a criação de uma sociedade única, sob regime de concessão, que contaria com recursos federais.

Com o termino do governo Castelo Branco, tudo voltou à estaca zero. Procurando se antecipar aos acontecimentos, Antonio Florêncio foi aos Estados Unidos e de lá trouxe estudos e projetos, desenvolvidos pela Soros Associates International, Inc., que apontavam a viabilidade técnica de um porto-ilha em Areia Banca, e os entregou ao novo Ministro, o cel. Mario Andreazza. Na mesma época, acossado pela crise que atingiu os salineiros, na safra de 1965/66, Paulo Ferraz desistiu do porto de Macau. Quando tudo pareceu favorável ao projeto do porto-ilha, o Instituto Brasileiro do Sal, na época presidido por Vingt-un Rosado, publicou um estudo defendendo a construção de um porto continental em Mossoró.
Essa nova proposta poderia inviabilizar a construção do porto de Areia Branca, pois se teria que realizar novos estudos técnicos, o que demoraria alguns anos, para se chegar ao que já se sabia: os problemas do assoreamento do canal do mar de Areia Branca e da foz do Rio Mossoró, com obstrução, por areia e outro sedimentos, em conseqüência da natureza das correntes marítimas da costa e do fluxo e refluxo das marés, no estuário do rio.

Florêncio voltou à carga. Fez conferencia na Escola Superior de Guerra, na FIESP-Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, na FIERN-Federaçao das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte, na Câmara Municipal de Mossoró e inúmeros outros lugares, sempre defendendo o porto-ilha; não como a melhor, mas como a única solução racional e possível.

Embora que, em 1969, o governo federal já tivesse decidido que Rio Grande do Norte teria somente um porto salineiro, o de Areia Branca, ainda havia contratempos. Quando Florêncio tentou o apoio dos políticos, segundo suas palavras, "nenhum quis, naquela fase da luta, participar do nosso esforço, pois todos temiam desagradar uma área ou outra". Daí nasceu a sua iniciativa de ingressar na política. Embora não sendo "homem de comícios e estardalhaços nem da tradicional conversa ao pé do ouvido", se elegeu deputado federal por quatro legislaturas consecutivas, de 1971 a 1987. O seu primeiro mandato coincidiu com o inicio das obras de construção do porto, que se prolongaram até 1974.

Hoje o porto-ilha de Areia Branca conta com um cais de atracação de barcaças que tem extensão de 166 metros, de onde o sal é descarregado por três descarregadores; dois com capacidade de 350 toneladas por hora e um com capacidade de 450 toneladas por hora. O sal é estocado em um pátio com área de 15.000m2 e capacidade de 100.000 toneladas. Os navios são atracados em três colunas. Uma ponte metálica, com 398 metros de comprimento e com capacidade de 1.500 toneladas por hora, faz o carregamento das embarcações. O porto possui também duas pás carregadeiras e dois tratores, que operam no pátio de estocagem. A média diária de transferência de sal das salinas para o porto ilha é de 7.000 toneladas.

Tribuna do Norte edição de 28/10/2007
Leia mais em Tribuna do Norte

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Pedro Januário no Ocaso do Cangaço

Pedro Januário

Dia de Vida ou de Morte

da fazenda Girassol, onde morava o seu amor. O boato já estava espalhado. Com a matutada na espreita, Pedro, cheio de coragem, encostou Gato Prêto na porteira, agachou-se com cuidado - Para os lados de Areia Branca, interior do Rio Grande do Norte, quando Pedro tinha 27 anos, Rosa da Joana, môça bonita das pernas grossas e cabelos longos, andava meio apaixonada pelo “Rei da Capoeiras”, como era conhecido. Com aquela arrogância de cabra macho, cismou um dia e anunciou que ia carregar Rosa, de qualquer jeito.
Gato Prêto estava amarrado debaixo de um pé de oiticica, onde Pedro costumava deixar os bilhetes para a Rosinha. Não pensou duas vêzes. Vestiu a calça de linho branco e uma camisa azul clara de chitão. O chapéu de abas largas não podia faltar. O cigarro BB estava no bôlso, do lado esquerdo.
A tarde morria lá para as quebradas do Dendé. Rodava o tambor do seu 38. Roubar Rosa da Joana seria a missão. Ela tinha um cabra doidinho por seu coração. Pedro Januário não gostava nem de ouvir falar nisso. Era um dia de vida ou morte. Às quatro da tarde, partiu, com revólver, peixeira e fuzil.
Duas léguas e meia até a porteira, para não sujar o linho branco e brilhoso da sua calça, e foi em direção à casa de Rosinha.
Antes, teria que enfrentar mata de cajueiros, um riachinho fino e pequena camada de mata-pasto. Mas nada disso importava. Ela tinha as pernas grossas e sabia ninar gente grande. Era tudo para o “Rei das Capoeiras”.
A primeira recepção foi um tiro, que pegou na barriga e foi sair lá atrás, pelas costelas. Na hora, Pedro praguejou:
- Ah desgraçada. Tô baleado, mas vou aí nem que seja engatinhando.
E foi mesmo. Fulminou uns pestes que estavam de tocaia na Girassol, levou Rosinha e com ela viveu pequena temporada. E esclarece por que a deixou.
- A muié tava ficando muito sapeca. Tive que lhe dar uma surra e nunca mais a gente se encontrou.
Na edição de O Cruzeiro de 15/09/1970
Reportagem de WANDERLEY LOPES e WALTER LUIZ

Leia matéria completa em:
O Cruzeiro

domingo, 10 de outubro de 2010

Os Meios de Transportes







Depoimentos e Mensagens


Sindicato dos Salineiros
Os cangaceiro Massilon, Lampião e Sabino


Fugindo no Trem Para Areia Branca

"Estava na casa do prefeito Rodolfo Fernandes com um grupo de amigos e familiares, todos curiosos com a evolução dos acontecimentos, pois o ataque de Lampião a Mossoró poderia acontecer a qualquer momento.Sei bem que Júlio Maia ( um dos líderes da resistência e primo do Prefeito), chegou e disse que nós tínhamos que ir também para Areia Branca de trem. Continua Natália – os homens estavam se organizando em trincheiras. O prefeito foi muito corajoso, decidido, isso é que é a verdade., Acho que fomos no último trem, já muito lotado. Foi uma verdadeira folia. Eu era muito jovem, claro que estava com medo mas naquela idade tudo era aventura. Eu ainda não conhecia João Almino. Passamos três dias em Areia Branca. Era tanto boato! As informações eram desencontradas, mas voltamos no primeiro trem."

Natália Queiroz sobre Lampião em Mossoró em 13/06/1927
Do livro “Memórias de Um Tempo Fugaz”


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"Foram duas semanas trabalhando com muito prazer e alegria. E parte disso foi por causa da acolhida carinhosa, gentil e inspiradora que a Pousada Costa Branca proporciona.
Obrigado a todos, funcionários e proprietários.
Inesquecível...
Parabéns!! E até breve."

Thiago Lacerda, 11/07/2004
Do Livro de Registro do Hotel Costa Branca Eco Resort

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O Sindicato dos Salineiros foi fundado no ano de 1935, no entanto, sua sede
própria só foi construída 14 anos depois, em 1949, na Rua Machado de Assis com a Travessa Joaquim Nogueira, e continua funcionando até hoje no mesmo local.
A estrutura arquitetônica vem sendo mantida.
Um fato marcante ocorrido na história do sindicato foi a visita dos
candidatos à presidência da república Café Filho e Eduardo Gomes, adversários políticos. Na época ambos foram recepcionados por João Cabeceira, fundador do sindicato

Ingrid Carneiro de Lima, Maria Juliana Jamille Barra de Souza e
Vladileuza Moreira de Souza
Do trabalho “Memórias de Um Lugar Esquecido no Tempo”

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Sim, alguma coisa mudou em mim a partir do momento em que vi meu filho nascer. Ele saiu do hospital numa tarde de terça feira e, já na quarta, tive que viajar. Passei a primeira noite com ele em casa – o que foi bom para ver como ele reagia ao seu novo lar – e fui pro aeroporto morrendo de dor no coração. Os shows não serão mais os mesmos. A pressa de voltar pra casa aumentará. Parti para Natal e mais quatro horas de ônibus para chegar em Areia Branca, bela cidade no litoral norte cujo nome ainda não sei se é por causa das dunas ou das salinas de lá. Foi um show agitado em praça pública e os fãs me surpreenderam com os gritos de Gabriel, Gabriel em homenagem ao “novo membro da banda”. Durante o show brincamos com as músicas: “só penso nele, quem é ele, o nome dele..é gabriel! e assim, no palco, com a banda, festejamos o seu nascimento. Um belo show para começar uma nova etapa na minha vida.

No blog Biquini Cavadão, 26/08/2008
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Chegamos a tempo de pegar a balsa de Grossos para Areia Branca, entrando então na área salineira do Rio Grande do Norte. Aparentemente a indústria do sal não gera problemas ambientais graves. É claro que a mecanização fez com que um grande contingente de trabalhadores ficasse desempregado, causando por sua vez problemas sociais na periferia destas cidades. Um pouco mais adiante e chegamos a Macau, a outra grande produtora de sal do RN. Fica na lembrança um céu sempre muito azul e uma brisa constante. O sal vive disto, do sol e do vento. Entre Areia Branca e Macau a Ponta do Mel, cujas cabras e dunas vermelhas fizeram com que a apelidássemos de “Iêmel”: Iêmen + Mel.

No site Brasilpassoapasso.com
Veja mais depoimentos e mensagens de Areia Branca no blog de Canindé Soares, no link

blog de Canindé Soares

sábado, 9 de outubro de 2010

Tribuna do Leitor



A Vía Crucis de William na "Paris" potiguar

Tudo começou numa quarta-feira. Nosso amigo William de Oliveira com muita ansiedade e cheio de motivação preparava-se para uma viagem à sua querida Areia Branca, a “Paris” potiguar. Viagem longa... Terra a vista, pés no chão.
Uma vez na cidade, cumprimentos a alguns amigos, imediatamente vai ao INPS onde iria regularizar sua situação. Resultado: decepção, e das grandes. Começava aí o baixo astral de William. Uma visita ao bar de Joãozinho, conversa apressadas, algumas gaitada e para não sentir o dissabor de toque de recolher, procurou logo voltar a Natal, via Mossoró.
Na ida para a rodoviária, encontrou-se com um amigo que ofereceu-lhe uma carona até a capital do Oeste. Aceitou. Por uma questão de minutos os dois se encontrariam para a viagem, uma vez que o amigo estava de moto e ia deixá-la em casa e pegar o automóvel. Aí, à William foi aplicada uma espera de quase três horas. Impacientado tomou um ônibus e vamos a Mossoró.
Uma vez na cidade, precisamente na rodoviária. Um Ônibus com destino a Natal estava em ponto de partida. Comprado a passagem, consulta ao motorista o horário da saída. Informado, e para matar o tempo, dirigiu-se a uma lanchonete para tomar um refrigerante. Voltando não encontrou mais o ônibus. Partira. Logo à direita um táxi, já de motor ligado, oferecia-lhe uma corrida para alcançar o coletivo. Não andou cinco minutos e lá se foram Cr$500,00
Bufando de raiva, revoltado, tomando o ônibus, descarregou todas as baterias no motorista, que desculpou-se alegando que partira para cumprir o horário determinado pela administração da rodoviária de Mossoró. A viagem continua e a raiva de William aumenta cada vez mais, pois tomara um tremendo pinga-pinga.
Chegando em Natal, o desembarque. Caminhou para tomar um coletivo e foi surpreendido com a greve dos motoristas. Depois de mais uma hora de espera apareceu uma Kombi que fazia lotação para a Cidade/Ribeira/Rocas a Cr$150,00 por pessoa.
Aceitou. Depois de quarenta e cinco minutos de espera, o motorista lhe informava que cancelava a viagem, pois até àquele momento só tinha aparecido duas pessoas e não compensava a viagem. Aí, o homem endoidou. Tomou um táxi e lá se foram mais Cr$1.200,00
Só restou um consolo a William, depois dessa empreitada toda. Relatar-nos repetidas vezes com o bom humor que lhe é característico, para os amigos sua viagem e saber que o seu problema seria resolvido em Natal, sem a necessidade de ter ido a Areia Branca.
Mas, para não ficar atrás, Vanildo Nunes, que ouvira toda a conversa e já viveu todas a experiências na vida, batia no ombro de William com tapinhas, alegou que já ocorrera o mesmo como ele. Só que em lugar diferente: Amsterdã.
Moacir de Oliveira - Tribuna do Norte 05 de maio de 1991

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Crônicas Natalenses



Animação de Regatas

Comecei a gostar de Natal desde menino. Meu pai era juiz de Direito em Mossoró, onde nasci e vivi a primeira infância, inesquecível. Nomeado desembargador, ele mudou-se para Natal. Embarcamos num “ita”, no porto de Areia Branca. Era 1918.
Moramos noTirol, rodeados de cajueiros, de flores tão cheirosas e mangabeiras, de frutos deliciosos. Sentíamos-nos deslumbrados com a beleza dos morros circundantes, sempre verdes.
O bonde elétrico ligava o bairro ao Centro e à Ribeira, onde ficava o meu Grupo Escolar, O Augusto Severo, numa praça então encantadora. Por coincidência, mais de 30 anos depois, eu dirigiria a Faculdade de Direito no mesmo prédio do grupo.
Os passeios a pé, com os mais velhos da família, pelas amplas avenidas da Cidade Nova, quase despovoada ainda, as idas à Praia do Meio, Areia Preta e Limpa, constituíram prazer enorme.
Em Natal concluí os estudos primários e os secundários, estes no velho Atheneu. Pratiquei esportes, nadando no Potengí e jogando futebol na no campo da Liga. Recordo a animação das regatas.
Aqui me casei e todos os meus filhos e muitos netos aqui nasceram. Também aqui desempenhei inúmeras funções funções públicas e privadas. Fiz amigos e camaradas. Via a cidade crescer, participando de sua vida cultural e religiosa, tendo a esposa ao meu lado, colaborando, estimulando. Vi os filhos irem tomando os seus rumos.
Fui testemunha da chegada de ousados pioneiros da aviação ao “Cais da Europa”, dos dias tensos da Segunda Guerra, com noites de escuridão precavida, das levas de soldados americanos da passagem de personagens importantes no cenário mundial.
Tudo isto me ligou a Natal e quando viajo a melhor coisa é voltar, pois aqui vivi minha mocidade e amadureci na vida.

Otto de Brito Guerra

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Areia Branca, Finalmente



Maureen Flores

Se você não mora em Mossoró(RN), há duas maneiras de se chegar a Areia Branca, todas de carro. Uma a partir de Fortaleza , percurso que fiz há muito tempo mas que ouvi dizer que está bom. A outra a partir de Natal, trajeto que cumprimos recentemente sem sobressaltos rodoviários e com olhar atento na beleza da caatinga que forma um manto dourado nessa época do ano.

São 4.00hrs de estrada de mão dupla, um retão . A parada para banheiro e refrescos é boa mas oferece uma daquelas experiências sociológicas que só pode ser vivida nesse Brasil-De-Meu-Deus , ou naqueles outros tantos países que o Banco Mundial insiste em coroar como o Reino dos Desiguais. O restaurante é grande e o dono, caprichoso, construiu banheiros com blindex, torneiras foto-sensíveis e outros materiais surpreendentemente caros para aquela região. Como consequencia, a população do entorno visita o banheiro do lugar para conhecer uma descarga e uma torneira que funciona sem toque. Ou como as senhoras locais a define "a bica que num torce". Ninguém me contou , eu vi!.

Prosseguimos nossa viagem e, aproveitamos para conversar um pouco sobre as questões sociais no Brasil mas como romance não combina com depressão mudamos de assunto e rimos muito assim que escutamos no rádio um forró que dizia "entre minha muié e meu jegue , fico com meu jegue que me carrega nas costas e num gasta meu dinheiro ". Sabedoria masculina diriam os machistas brasileiros ou os do mundo inteiro caso o jegue seja substituido por uma Ferrari.
O grande espetáculo de Areia Branca é o encontro do sertão com o mar . Você vem passeando de carro tranquilamente, vendo a caatinga, o mandacaru e de repente .... do nada..... as falésias e o mar. Barbáro.

Só há um hotel decente em Areia Branca , o resto são pousadinhas , ou melhor puxadinhos , que são perfeitos se o seu espiríto for de aventureiro. O dono do hotel , que infelizmente não conheci, me pareceu ser algum sobrevivente da rebordosa dos anos 70 dado a preferencia pelas poesias de Paulo Leminsky, a obrigatoriedade de silêncio e a bossa nova/MPB tocando ao fundo, nada contra. O serviço é correto, os quartos bastante agradaveis, a comida honesta.

Como o hotel fica no alto da praia, no topo da falésia, 10 metros de altura talvez, de dentro da piscina pode-se ver toda a praia ligando a caatinga ao mar sem interrupção.

Lugares romanticos nao faltam. Quanto fui a praia , desci pela vila e andei 2 quilometros sem ver viva alma. Um paraíso. Pela manha, pequenas lagoas de aguas transparentes ; a tarde, a mare cheia caminha ao lado da faixa de areia.

Para os mais animados , `a noite , com o mar prateado, há forro na vila. Como dançar coladinho é sempre uma grande pedida, meia duzia de músicas podem eternizar qualquer romance.
De acordo com o pessoal da terra, o melhores locais para namorar são:

os bancos do hotel na pontinha da falésia
o cantinho da piscina onde nao ha mureta e a vista iguala o ceu, o mar e os corações apaixonados
as dunas do rosado, onde o areal se encontra com o mar
a gruta proxima ao hotel , onde os namorados do local gravam seus nomes na pedra

Areia Branca não chega a ser um daqueles lugares para iniciados mas é lindo e deve ser visto agora antes que mude muito .

Em homenagem ao ousado proprietário que construiu bom hotel na curva que o agreste faz com o mar, deixo para nossos leitores uma das poesias do Leminsky . Quem sabe nao tenha sido essa a fonte inspiradora desse empresario ?

Bem no Fundo (Paulo Leminsky)


No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,
maldito seja que olhas pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais

mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.

O Globo on-line, 26/11/2006

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Olhando As Ondas do Mar






Ela Foi Citada Neste Soneto

Areia Branca

O lotação ia de Copacabana para o centro, com lugares vazios, cada passageiro pensando em sua vida; é o gênero de transporte onde menos viceja a flor da comunicação humana. Quando, em Botafogo, ouviu-se a voz de um senhor lá atrás:
- Olhe aqui, vou atender a você, mas não faça mais isso, ouviu? É muito feio pedir dinheiro aos outros. Na sua idade, eu já dava duro e ajudava em casa.
E passou a nota ao rapazinho de quinze anos, se tanto, que a recolheu com humildade. O homem continuava, agora dirigindo-se a outro passageiro:
- Está vendo? Fica essa garotada aí vivendo de expediente, encontra uns sujeitos como eu, que vão na conversa, e depois...
- Isso é um país sem solução, comentou o vizinho. Não há escola profissional para os meninos, andam jogados ao deus-dará, enquanto o governo só faz besteira. Não vê o porta-aviões?
O rapazinho não parecia interessado na crítica ao Governo, e mudou de lugar. Foi para junto de outro senhor e expôs-lhe o problema, baixinho.
- Como é?
- Areia Branca. Lá é minha terra. Tou querendo voltar, falta só 27 cruzeiros...
O homem puxou lentamente a carteira, lentamente extraiu uma nota, passou-a ao rapazinho.
- Está vendo? - comentou o senhor do fundo. - Aquele ali caiu também, quem é que não cai? Aposto que esse menino não vai pedir àquela senhora da esquerda. Mulher não vai na onda, só tem pena de aleijado e de velhinho.
De fato, o postulante deixou de lado a senhora e a moça que havia no carro, e foi contar a história mais adiante (com êxito) a outro representante do sexo frágil, isto é, masculino.
- Oba! Já tenho 20, daqui a pouco posso ir para Areia Branca.
E foi sentar-se ao lado de outro jovem que, pelos cadernos de capa grossa na mão, se revelava colegial.
- Quer me ajudar? Então inteire minha passagem para Areia Branca.
Não era pedido; era recomendação, em tom natural, tão natural que o estudante não discutiu. Sacou do bolso o macinho de notas miúdas - dinheiro do sorvete e da volta, - contou-as uma por uma, e estendeu cinco.
- Se você quer ajudar, inteira logo. Mais dois.
O outro passou-lhe os dois, que esperara inutilmente salvar da requisição, e, à guisa de agradecimento, o beneficiado esticou o dedo:
- Espia só o mar: que estouro! Areia Branca é do outro lado.
E levantou-se mais uma vez, foi ao motorista, curvou-se, passou-lhe o braço nas costas, numa conversa particular e macia. O senhor de trás, moralista e observador implacável, ia-lhe acompanhando as evoluções:
- Olha só o garoto. Aposto que cantou o motorista para uma carona.
O motorista - de queixo comprido, lembrando agradavelmente o velho atacante Ademir - sem volver o rosto, foi dizendo:
- Cai fora, coisinha.
- Eu não disse? - comentou o de trás, satisfeito com a própria agudeza.
O lotação parou, o meninote desceu. Ai, intervém a senhora, até então muda e queda como penedo:
- Garanto que agora ele vai tomar outro lotação para Copacabana, e repetir o golpe.
- Não duvido nada - secundou o moralista, meio desapontado porque não lhe havia ocorrido esse desenvolvimento.
O rapazinho atravessou a rua - era no contorno do Morro da Viúva - e parou à espera, na calçada.
- Vejam só - continuava exclamando o homem. - Vem com essa conversa de Areia Branca, Areia Branca, um nome tão poético, lembra o Caymmi, a gente não resiste mesmo. Se ele dissesse que queria voltar para Areia Preta, essa não, eu pensava naquela praia do Espírito Santo, em reumatismo, não soltava um níquel. Mas Areia Branca, esse moleque é impossível!

Carlos Drummond de Andrade
Elenco de Cronistas - A Bolsa & A Vida