quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O Cêrco

Ivani Rolim é um amigo de longas datas e de muito apreço. Uma das características do seu conjunto de valores é ser espirituoso, além de um boêmio centrado. O centrado aí, digamos, é apenas para amenizar o texto. Hoje ele desfruta muito bem do seu tempo vago, da exuberante praia de São Cristóvão, no litoral areia-branquense, sua terra natal, mas há tempos, uma das nossas praias preferidas era Peixe Gordo, em Icapuí (CE), a cerca de 12 quilômetros de Tibau (RN), na divisa, onde a gente passava o final de semana na residência de familiares.Houve um tempo em que além da beleza indescritível de Peixe Gordo na companhia de outros amigos, um dos ingredientes desse lazer era o bar Morro do Chapéu, de Alex Rosado, um lugar muito bem transado em frente ao mar. O recanto lotava nos fins de semana, enquanto nós nos dividíamos entre a praia e os alpendres da casa grande, na vila, a um quilômetro do mar. E em um desses finais de semana prolongados, estávamos nós, junto com outros amigos, em casais, entre churrasco e viola quando faltou cerveja. Prontifiquei-me de ir comprar em Tibau junto com Ivani. Foi um pé lá e outro cá, até para não deixar que a farra sofresse solução de continuidade.É tanto que lá pelas 8 da noite, todo mundo já estava se acomodando para dormir, em consequência do peso etílico do dia. Eu, Ivani e outros marmanjos armamos nossas redes nos alpendres e continuávamos a conversar esperando o sono que não demoraria a chegar. Além do que estava por vir.Era por volta das 5 horas da manhã do dia seguinte, quando a polícia do Ceará cercou a casa grande. Uns 20 ou 30 soldados fortemente armados que chegaram em quatro carros faziam o maior barulho. Arregaçando, como diria o lendário do lugar, Chico Bigode.Meu sogro, a época, Chiquinho Belarmino, foi o primeiro a sair da casa com as mãos para o alto, enquanto o comandante da tropa perguntava de quem seria aquele Kadette estacionado em baixo de uma frondosa tamarineira.- É do meu genro, ele está dormindo ali.Respondeu assombrado.Era o meu carro, o mundo estava caindo e eu roncando, enquanto Ivani ao lado na outra rede, certamente já acordado, mas enrolado de pé à cabeça, inerte até então.Ao receber outro comando, meu sogro se aproxima da minha rede e tenta me acordar.- Gilberto, o que foi que você fez homem, que a polícia está lhe procurando?Eu acordei desorientado com aqueles policiais apontando pra mim com metralhadora e tudo mais, passei as mãos no rosto para atenuar a ressaca e apenas olhei para os homens sem entender o que estava acontecendo.- Onde você estava ontem?Perguntou o chefe do comando.- Fui a Tibau e retornei.Daí logo eles perceberam que eu não era o bandido o qual eles estavam procurando e foram descansando as armas. Mais ou menos refeito, eu perguntei de que realmente se tratava.Havia sido um assalto ao posto fiscal de Mata Fresca, na divisa entre os dois Estados, quando os bandidos fugiram em um Kadette da cor do meu. Teria sido um carro tomado em Mossoró, se eu não me engano, do advogado Marcos Araújo.E enquanto eu conversava da rede com os policiais, do outro lado da cerca, escutando tudo por debaixo do lençol, Ivani bota a cabeça de fora da rede e diz pra mim, parecendo abusado: “Gilberto, entregue logo esse dinheiro, homem, para acabar com essa confusão...”E mesmo naquela seriedade fardada, alguns PMs não tiveram como esconder o sorriso. Gilberto de Souza, no blog Caderno Mil, em 20/11/2009Clique no link e veja o blogCaderno Mil

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Anos Verdes
Tome Nota

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Uma Carta de Juscelino Kibitschek

Manoel Avelino fala, em especial, para Juscelino e João Goulart, tendo a frente o sr. "Quinquin Lúcio" - foto do albúm de Costa Júnior.
Juscelino e João Goulart em Areia Branca no ano de 1955 na ocasião era orador Manoel Avelino também na foto Vicente Dutra, Braz Pereira e Dr. Gentil Fernandes


Meu caro Mota Neto:

Guardo ainda magnífica impressão da visita que fiz à progressista e culta cidade de Mossoró. Não posso conter as repetidas emoções que aí experimentei, ao contato da gente laboriosa e na contemplação das belas paisagens que as planícies e as pirâmides de sal mais embelezam.

É, realmente, Mossoró uma oficina de trabalho constante, cujos resultados transpõem as fronteiras do município e contribuem para o fortalecimento das indústrias de todo o país. Dentro dessa colmeia se erguem as chaminés de suas fábricas, movimentadas por seus operários compreensíveis e capitães de indústria, que oferecem aos habitantes e consumidores de outras regiões os produtos e as matérias-primas tiradas de seus campos agrícolas e do seu subsolo, prodigiosamente rico.

As extensas salinas estão a reclamar a iniciativa dos homens progressistas, como a cera de carnaúba, o algodão, o gesso e a semente de oiticica reclamam um aproveitamento mais racional com a sua industrialização no próprio centro de produção. Isto permitiria a atividade de uma multidão de trabalhadores, como impediria a evasão de rendas que viriam enriquecer o município e o Estado.

Você, a quem me acostumei a estimar, desde a nossa passagem pela Câmara Federal, ainda é moço e animado de confiança nos destinos de nossa terra. Ao lado do jovem prefeito Vingt Rosado, cujo dinamismo de perto admirei, e do deputado Dix-Huit Rosado, herdeiro, como seu irmão, das virtudes cívicas de Jeronymo Rosado, que se refletiram, também, na realidade varonil do saudoso Governador Jeronymo Dix-sept Rosado Maia, muito pode fazer pela vitória de nossa campanha democrática.

Essa convicção se fortaleceu no meu espírito na troca de ideias que tive com o nosso digno candidato a Governador, deputado Jocelyn Vilar, que me pôs a par do movimento que se está procedendo no Rio Grande do Norte e, principalmente, na Zona Oeste, cujo centro mais importante é a cidade de Mossoró.

Esse município não poderia mentir ao seu passado de baluarte da liberdade, submetendo-se as imposições extemporâneas de forças ocasionais no cenário político do país.

Os atuais líderes da democracia em Mossoró - e você é um deles - apenas repetiram o gesto altivo dos abolicionistas de 1833. Sei que foi a sua residência transformada no centro de reação contra os falsos defensores do brio e da dignidade do povo potiguar. Nesse centro - sei também - que se reuniram na mesma harmonia de pensamento, políticos e patriotas da estirpe de Lucas Pinto, Vingt Rosado, Rodrigues de Carvalho, Francisco Brasil de Góis , Dix-Huit Rosado e Francisco Amorim, formando uma verdadeira trincheira de defesa democrática, culminando com a feliz e vitoriosa de Jocelyn Vilar ao governo do Rio Grande do Norte.

A minha disposição de atender as aspirações dessa região já tive o ensejo de expor em comícios realizados aí e em Areia Branca, acentuando, principalmente, que o porto de Areia Branca, o sexto do país em volume de exportação, será a minha primeira preocupação, na série de obras a serem realizadas, no que se refere ao Rio Grande do Norte. Esse mesmo compromisso assumi em conversa que tive com o deputado Jocelyn Villar, cujos propósitos de servir a sua terra são idênticos aos meus.

Recomende-me a todos os correligionários e receba um afetuoso abraço do

Juscelino Kubitschek"

Publicação em Tribuna do Norte, de 26/06/2011 jornal de WM

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Eventos Importantes

domingo, 12 de junho de 2011

No Tempo dos Armazens


SEBASTIÃO AMORIM aos 94 anos de idade (31/06/1917 008/06/2011) Vídeo Ginetta Amorim - “Na Rua da Frente, lembro de alguns comerciantes – bodegueiros – que marcaram época: José Silvino, meu pai, José Leonel, seu Izídio (pai de Queca), dona Branca, Valdemiro, seu Josa (o bem humorado da rua), seu Lalá da Padaria, Jairo e seu Quincó (estes dois com loja de tecidos), Chico Lino, Antonio Noronha, seu Quidoca, Antonio Calazans (na parte de cima da rua) e Sebastião Amorim, na parte de baixo, pros lados da usina de luz. ” - Texto de EVALDO OLIVEIRA em Era Uma Vez Em Areia Branca.

SEBASTIÃO AMORIM

Um dos marcos na história da política areia-branquense nos últimos 50 anos, o ex-vice-prefeito e ex-vereador Sebastião Amorim de Souza faleceu na quinta-feira, 9, em Natal, aos 94 anos. Tido como um dos maçons mais antigos do Rio Grande do Norte, foi vice-prefeito em duas gestões, vereador e presidente da Câmara Municipal de Areia Branca. No livro “Silhuetas do Tempo”, o ex-prefeito Jairo Josino de Medeiros traça o perfil de Sebastião Amorim, desde a chegada de Grossos a esta cidade até sua incursão na vida pública. Com o texto, o Blog presta uma homenagem ao saudoso político. Leia.
Dentre as personalidades que o município de Grossos tem “emprestado” a Areia Branca, muitos se destacaram na vida profissional, política e social da nossa cidade. (...) Como parte dessa plêiade de homens ilustres que de um modo ou de outro vieram nos honrar com sua presença entre nós, destacamos a figura ímpar de Sebastião Amorim de Souza, um dos políticos mais honrados e dignos de quantos passaram pela nossa vida pública.
Lembrar de Amorim é também lembrar a “Revolução de 64”, o que acho muito cedo ainda, para se tirar o curativo da chaga que foi aquele movimento entre nós areia-branquenses. Algumas seqüelas deixadas como marcas, não foram ainda absorvidas pelos doentes em estado de observação. Entretanto, não podemos também deixar que se perdure indefinidamente, a injustiça que foi praticada contra alguns de nossos conterrâneos, notadamente Zé Duarte, Aldenor Cândido, Antônio Silvério, Sebastião Amorim de Souza, etc. Com relação a este último, posso afirmar que em tempo algum, Areia Branca foi tão ingrata quanto o foi com esse “filho” ilustre.
Nascido em Grossos no ano de 1917, de estatura mediana, calvo, chegou a Areia Branca ainda moço, ou mais precisamente com 12 anos, estabelecendo-se, depois de poucos empregos, no ramo de secos e molhados. Católico, poucos espíritos entre nós foram dotados de imaginação tão ingênua, tão natural e tão honesta, quanto Sebastião o é.
Naquela época, mais ou menos em 1955, Amorim já era padrinho de um quarto da meninada da terra. Os compadres se multiplicavam aos domingos na Igreja Matriz.
Quando na sucessão de Manoel Avelino, deu-se o problema. Não tendo quem quisesse enfrentá-lo, Solon apelou pra Sebastião, para disputar o pleito, enfrentando a candidatura Francisco Brasil de Góis. Foi sua primeira derrota. Em 1958, novamente o chamaram para disputar com Antônio Calazans, tendo o rolo compressor de Manoel Avelino esmagado suas pretensões de chegar à prefeitura.
Em 1962, finalmente foi eleito vice-prefeito na chapa encabeçada por Chico Costa, e logo a seguir, em 1968, tendo sido reeleito com Alfredo Rebouças, este na cabeça da chapa. Em 1970, tendo o prefeito Alfredo Rebouças sido afastado por um ato arbitrário da “Revolução”, Amorim de Souza solidarizou-se com este e foi afastado também. Em 1976, na eleição de Luiz Duarte, finalmente foi eleito vereador. Insistindo sempre na veia jugular da política, em 1982 foi novamente candidato a vereador, tendo perdido a eleição, pois Expedito Leonez não o ajudara.
Sucessivas derrotas foram-lhes machucando as aspirações, como as últimas folhas de uma árvore que se despede da vida. Até que em 1988, por insistência dos amigos que lhe prometeram ajudar, candidatou-se novamente a vereador, tendo sido derrotado, nessa que foi para ele, sua última aparição na vida pública.
À semelhança de Simão Pedro, que no cantar dos galos negou três vezes Cristo, o povo de Areia Branca também negou a Sebastião Amorim de Souza, não três, mas quatro vezes o direito de dirigi-lo e de representá-lo.
Antigo presidente da Cooperativa Areia-branquense de Crédito. Antigo presidente da Câmara Municipal de Areia Branca, finalmente, em todos os cargos que exerceu em nossa cidade, exerceu com probidade e espírito de justiça.
De repente, porém, desapareceu das rodas sociais, dos conchavos políticos, das articulações palacianas. O antigo chefe grossense aparece vendendo café condignamente na Barão do Rio Branco. Aquele que foi o chefe inconteste da nossa vida política quase meio século, quando torrava café na Rua da Frente e se dedicava a fazer política honestamente, condignamente, como só se fazia antigamente...
Jairo Josino de Medeiro - Silhuetas dos Tempo
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Depoimentos>


...Em Areia Branca, o político de maior projeção, Manoel Avelino (ex-deputado estadual), acompanhava Dinarte Mariz, e do outro lado, Dr. Chico Costa (ex-prefeito), liderava os partidários de Aluízio Alves, denominados bacuraus.
As campanhas políticas eram bastante acirradas e os ânimos eram deveras exaltados, tanto na capital quanto nos interiores. Creio eu que nos interiores eram muito mais. Em Areia Branca todos se conheciam e dificilmente alguém não tomava partido. Othon de Souza no artigo ELEIÇÕES, site Era Uma Vez Em Areia Branca
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Campanha memoravel de 1972 (CarlosXAdelaide) vitoria apertada de Carlos por 95 votos. Peixe e a Rosa. Outra grande campanha foi a do Pisa na Fulô (Sebastião AmorimXAntonio Calazans).Minha avó muito empenhada na campanha de Sebastião Amorim (derrotado) fez promessas com a derrota foi até ao cemiterio e deu banana para alma de bispo,papa e todos os santos. Vitoria tem mil pais, a derrota é orfã. – ANTONIO JOSÉ
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Ora meu querido Antonio José, falar do Pisa na Fulô é chover no molhado quando se tratava do digníssimo Senhor Sebastião Amorim, pessoal de reputação ilibada um ser humano extraordinário e por essas e todas as qualidades que reunia, era sempre lembrado a cargos eletivos dada a sua grande aceitação pessoal, coisa que não se refletia em votos, pois não existia uma só pessoa em Areia Branca que não gostasse de Sebastião Amorim, porem as urnas sempre foram cruéis com Amorim, pois que, eu me lembre, foi eleito uma única vez como vice prefeito na chapa de Alfredo Rebouças numa administração que não chegou ao fim, a qual me referi anteriormente. Assim sendo, e claro dentro da mística e não da certeza, era previsível mais uma derrota de Sebastião Amorim, sem tirar o mérito do vencedor Senhor Antonio Calazans, outra pessoa de grande caráter. – AUGUSTO ALMEIDA
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mas como eu gostaria de ver nomes de pessoas da minha cidade, José Jaime Rolim, Miguel de Dimas, João Pereira de Brito, Rita Fernandes de Souza, Sebastião Amorim, José de Sampaio Barros, Antonio Silvério, José Lopes da Silva, Zé Filgueira, José Nogueira de Melo e tanto outros de memória merecida. Direi: Areia Branca carece redimir-se dessa consideração, digamos logo a palavra de uma vez. – Paulo Cesar, em A Voz de Areia Branca
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Faleceu em Natal, a semana passada, aos 94, sendo sepultado em Areia Branca, o comerciante e político Sebastião Amorim. Foi vice-prefeito e vereador em sucessivas legislaturas, com a prestação de bons serviços. Não fui ao enterro - no domingo passado foi que me chegou a notícia.Prof José Nicodemos de Souza, no Jornal DeFato.com dia 150611

terça-feira, 24 de maio de 2011

Depoimentos e Mensagens

Nossa Terrra – Macau RN

No ano de 1825, as águas do oceano Atlântico começaram a invadir a ilha de Manoel Gonçalves que era habitada por portugueses interessados na exploração e no comércio do sal. Em 1829, impossibilitados de permanecerem na ilha os moradores partiram em busca de outro local, na mesma região e encontraram outra ilha que oferecia melhores condições para a instalação do povoado. A agradável ilha descoberta recebeu o nome de Macau, nome originário da palavra chinesa Amangao que significa Porto de Ama, a deusa dos navegantes. Com o passar do tempo e o desaparecimento completo da ilha de Manoel Gonçalves, a pequena Macau foi crescendo e se desenvolvendo, consolidando-se como um forte povoado às margens do oceano Atlântico. Entre seus fundadores destacaram-se os portugueses Martins Ferreira e seus genros Antônio Joaquim de Souza, Manoel Antônio Fernandes, José Joaquim Fernandes, Manoel José Fernandes e o brasileiro João Garcia Valadão,o João da Hora. Até os anos 60 do século passado, Macau era o maior centro portuário do Rio Grande do Norte, em consequência de sua elevada produção de sal. Ao mesmo tempo, os trabalhadores dos vários setores das salinas faziam grande movimentação social, política e econômica. Ao contrário do que se esperava em Macau, desde a sua fundação, no final dos anos 60 foi construído um porto ilha no alto mar de Areia Branca com a finalidade de fazer o embarque de sal da região, mesmo Macau sendo a maior fonte de produção de sal da zona salineira do território portiguar. Mesmo assim, Macau continua sendo a área mais adequada do Estado para a instalação de um parque da indústria química e de seus derivados na região Nordeste. Impulsionado pela grande produção de sal o povoado de Macau foi crescendo e no dia 2 de outubro de 1847, de acordo com a Lei nº 158, desmembrou-se de Angicos tornando-se um município do Rio Grande do Norte.






Blog do Borjão
http://blogdoborjao.blogspot.com/2009/04/voce-sabia_28.html

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Encante-se Com Belezas Naturais

60 Minutos - Um programa que chega até Areia Branca
Um programa jornalístico da TV Ponta Negra, apresentado de segunda a sexta-feira.
Entre outros temas aborda também problemas das cidades do RN, com espaço para a cultura

segunda-feira, 25 de abril de 2011

O Que Penso E Sinto Por Areia Branca



Carlos Santos

Não costumo dar resposta a anônimos, ignoro provocações ou insinuações de quem tem vergonha do próprio nome. Refiro-me a essa gente frouxa, que se esconde em pseudônimos e endereços apócrifos.

Mas vou abrir uma exceção.

Recebi um e-mail com nome e endereço falsos. Pelo estilo e sistema de rastreamento de I.P. (endereço de computador) não foi difícil chegar ao seu autor.

Faz-me ameaças e avisa que não devo emitir comentários sobre a política de Areia Branca. Não me surpreendi.

Tudo ficou na medida de sua baixa estatura, marcada pela ausência de caráter.

Minha resposta vai em forma de memorando a todo e qualquer outro indigente moral e covarde.

Não sou um estranho em Areia Branca. Tenho laços familiares e amizades que não se desmancham como a espuma do vaivém da maré.

Minha convivência com outros, nesse belo lugar, não é definido por critérios bobos e atrasados, em que as pessoas são amigas ou inimigas pela cor partidária, se é "Bicudo" ou "Bacurau", governista ou oposicionista.

Gosto de gente. Do traço de humanidade que existe em cada uma delas. Adoro Areia Branca de graça há mais de 30 anos.

Convivo com os contrários sem predileções sazonais e não uso máscaras para dizer o que penso a cada um deles. Sou transparente, mas nem por isso frágil.

Continuarei escrevendo e falando sobre Areia Branca. Saudarei meus amigos (e farei outros), mas com respeito a quem não gosta de mim.

A minha Areia Branca é de dona Luquinha, de mestre Bagaé, de Dedé Melão, professor José Nicodemos, escritor Deífilo Gurgel, desembargador João Rebouças, vereador Paulo Wagner, jornalista Luciano Oliveira, advogado Rogério Edmundo, ex-prefeito Expedito Leonez, ex-vereador Cleodon Bezerra, ex-vereador Francisco Macedo, Chicão do Mel, ex-ministro Fausto, José Leite, o cantor Siqueira, radialista Jailton Rodrigues, advogado Miguel Josino, prefeito "Souza", Edvanda Pereira da Fundação de Cultura, escritor Chico de Neco Carteiro, de minha mãe Maura Oliveira, ex-jogador de futebol Vildomar, vereadores José Nazareno e Aldo Dantas, dona Chaguinha Edmundo, Rudson de Góis, músico Tico da Costa, ex-prefeitos Chico Costa e Luiz de Vovô, primeira-dama Joseana, empresário Carlos Soares e tantas outras pessoas que a memória não junta agora.

Portanto, não tenho motivos para me afastar do que gosto (jornalismo político e Areia Branca). Assim continuarei.

Nâo sou forasteiro, aventureiro ou desconhecido. Tenho raízes no lugar. E o que me parece mais significativo: gosto de graça. Não cobro retribuição. Amor por inteiro.

Areia Branca não pode ser de uns poucos, sobretudo alguns que apenas a querem para saquear. Deve e continuará sendo daqueles que lhe querem bem. É o que penso e sinto.

Imagem do dia em que as candidatas ao Miss RN 2011 eram aguardadas na cidade. Foto de Jailton Rodrigues

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Produção de Sal - Vídeos


O destino do quadro Tô de Folga é Areia Branca, no Rio Grande do Norte. A maior riqueza da cidade é também o que mais atrai os turistas: as minas de sal.
De Natal até lá são 330 km pela BR304 e BR310 depois de Mossoró.
Na entrada da cidade já dá pra ver a maior riqueza de Areia Branca: o sal. Com a evaporação da água do mar, o sal vai se depositando nas margens dos tanques. Na cidade, dá pra pegar uma balsa pelo rio Ivipanim e ver as salinas ainda mais de perto.
“Nós estamos aqui numa região, que apesar de litorânea, é quente é seca. Tudo isso favorece pra essa grande produção de sal”, explica Francisco Melo, secretário do Turismo de Areia Branca.
As visitas às salinas são gratuitas nos horários comerciais. Dá pra pegar o sal com a mão e tirar foto ao lado das pilhas.
Em barcaças são transportadas 1200 toneladas de sal das salinas para o terminal Porto-Ilha. Ao todo, por ano, nas três salinas de Areia Branca, são produzidas 700 mil toneladas. Produto que é consumido tanto internamente quanto exportado.
Areia Branca tem 45 quilômetros de litoral. São seis praias. Só uma é urbana.
Uma das características da praia de Upanema é que nas horas de maré seca é possível andar vários metros mar adentro com a água abaixo do joelho. “É sempre calmo e sempre muito confiável pra gente estar com as crianças”, diz a dona de casa Carla da Silva Santos.
A cidade tem um hotel e dez pousadas com diárias variando entre 60 e 110 reais. É também por lá que se pode fazer uma pausa para o almoço. Os pratos custam de 15 a 30 reais e a especialidade são os frutos do mar.
“A gente pediu um ensopadozinho de búzios, acompanhando uma farofinha e uma macaxeirazinha frita. Estava ótimo”, conta o músico Giovane Azevedo.
As outras praias são isoladas. O charme é ir pela beira-mar. Na praia Baixa Grande o turista fica praticamente sozinho. Na São Cristóvão, o movimento fica por conta dos pescadores.
De um lado vegetação típica do sertão: algaroba, jurema, cacto. Do outro as belezas do litoral. São essas as características que fazem a diferença nas praias da região.
“Interessante, né? Você percebe nitidamente a vegetação mudando. Mas o principal são as dunas. Elas são um aspecto particular aqui”, comenta o turista Arlindo Flávio da Conceição.
Ponta do Mel foi cenário de filme: "Maria, mãe do filho de Deus", do padre Marcelo Rossi. A parte da crucificação foi gravada em uma falésia de lá e virou ponto de visitação.
Areia Branca é um passeio perfeito pra quem quer curtir a folga num lugar bem tranquilo.







sábado, 16 de abril de 2011

Costa Branca (RN) a Pé



de Jorge Soto,


Acordo bem disposto, tomo um breve desjejum e arrumo minhas coisas p/ zarpar logo na sequencia, as 5:30. Me dirijo à praia, onde dou as costas ao disco rubro q emerge lentamente no oceano, a leste, e tomo rumo contrario, pisando no chão duro e plano da enorme e extensa praia a minha frente. Não demora e alcanço a pta ao final da enseada, q nada mais é q uma enorme falésia avermelhada, q me acompanha durante um bom tempo, à minha esquerda. E as 6:40 termino chegando na Pta do Mel, q recém desperta c/ seus jangadeiros lançando-se ao mar p/ mais um dia de labuta. Visivelmente c/ + infra q a pacata Rosado, o vilarejo tem, alem de ruas de paralelepípedo, mto mais comercio entre seus quiosques e palhoças.
Após descansar 15min à sombra de um toldo improvisado c/ palhas de carnaúba trancada, retomo minha pernada indo de encontro à extensa e interminavel q faixa de areia q domina a próxima enseada, deserta por sinal. Diferente dos dias anteriores, alem de dunas douradas e avermelhadas, uma sequencia de falésias de cor rubra, amarela e alaranjada bordejam boa parte do caminho, ao longe. E lavou eu, andando novamente sozinho, enqto o vento fustiga minhas pernas c/ grãos de areia. Mas subitamente me deparo c/ jovens, senhoras e criancas, espalhados em grupos pela praia, enfiando a mão na areia, como q buscando alguma coisa alguma. Penso q tao coletando conchas, mas não. Estão atrás de um molusco chamado "caioba" q juntam em enormes sacolas p/ ganhar seu sustento. Os olhares não disfarçam quem ta mais curioso e surpreso c/ quem; se sou eu por vê-los aqui sob aquele sol matinal ou eles por me verem c/ um enorme trambolho nas costas.
A chegada à Pta Redonda (ou São Cristóvão) é precedida por uma enorme muralha rubra à minha esquerda. Após me espremer por alguns rochedos e recifes, deixo a praia e tomo um atalho por cima da falésia q me leva direto à vila. O alto do morro é o melhor mirante do dia. Do lado do pitoresco cemitério local cheio de cruzes coloridas, o visual impressiona: num giro de 360 graus temos o deserto, a caatinga e o litoral tupiniquim juntinhos, onde a retidao do mar se funde c/ o ceu azul. As 9hrs alcanço a simplória e rustica vila às margens de uma linda praia, cujos quiosques estão tds fechados, mas exibem varais de secagem de peixe aos montes. Por sorte, consigo q um faca exceção p/ mim em troca de uma boa prosa. Tomando uma boa breja gelada, o dono reclama do movimento zero, do governo q não leva água encanada nem eletricidade, enfim, de uma estrada decente q facilite o acesso ate ali. Me pergunto se é justamente esse o encanto do local.
Continuando a pernada 2hrs depois, prossigo atraves de uma bela enseada de água azul turquesa, ladeada por dunas e coqueiros q lhe conferem um belo contraste de tons. O sol rijo desta vez foi substituído por uma rara nebulosidade clara e um forte mormaço. A enorme praia so não é totalmente deserta pq tem algumas casas e palhoças esparsas, porem sem sinal algum de vida. O final da enseada é marcado uma ponta c/ lajedos e algumas pedras.
Tomando uma estradinha de areia, logo caio na enorme enseada sgte, q por sua vez se caracteriza por uma praia estreita e levemente ingreme, tomada por muitos arbustos. A maré alta inviabiliza caminhar o tempo td pela areia e nos obriga a adentrar muitas vezes nos arbustos e seguir trôpega e cansativamente por estradas de areia paralelas à mesma. Mas qdo o terreno parece nivelar numa praiona plana e larga, retomamos nosso ritmo normal de pernada pela orla.
O calor das 13hrs parece emanar do chão e é quase palpável, mas por sorte chego em Morro Pintado, q nada + é outra enorme praia ao sopé de uma enorme falésia vermelha tomada pelo mato, onde despontam algumas casas escondidas. Felizmente tenho água suficiente e, sentado num tronco na areia à sombra de uma pequena arvore, me dou um descanso e faço um rápido lanche.
Voltando à pernada, continuo decidido costeando aquela interminável enseada durante + 2 longas hrs, em ritmo inalterado. Mas logo as falésias e dunas somem, dando lugar a uma vasta planície de restinga rala q se estende continente adentro. Aos poucos, começam a surgir casas e algum comercio. Estou em Baixa Grande e são apenas 16hrs. Ali, tomando + uma cerveja num dos poucos quiosques abertos, sou informado q p/ chegar ate meu proximo destino, Areia Branca (distante uns 5km), teria de atravessar dois rios fundos e q a probabilidade de não haver barqueiro era enorme.Bem, ai tive q tomar a decisão de encerrar ai minha pernada, pois não desejava surpresas q atrasassem meu cronograma já estourando. Alem do mais, apesar de bonita, me disseram q Areia Branca tava bem muvucada, repleta de turistas, e tive receio de encontrar lugar decente la p/ acampar, caso houvesse necessidade disso.
Sendo assim, após uma boa chuveirada p/ remover o suor e a maresia q deixa a pele grudenta, atravessei Baixa Gde e me lancei ao asfalto q me levaria à BR-110. Antes, porem, me abasteci de água já prevendo ter de acampar a beira da estrada. Contudo, consegui negociar uma lotação q me levou à pacata Areia Branca, maior cidade da Costa do Sal. Incrível como aqui td gira em torno das salineiras, onipresentes durante td o trajeto do "alternativo", justificando o fato das águas mornas everdes daqui terem a 2ª salinidade maior do planeta, perdendo apenas pro Mar Morto. Na sequencia rumamos p/ Mossoró, onde acampei do lado da rodoviária, e esperar ate o dia sgte p/ tomar busao ao meu proximo destino. Mas ai já é outra historia.

E essa foi minha jornada pela Costa do Sal, um lugar sob mtos aspectos igual a tantos outros do litoral nordestino. Dunas douradas e falésias avermelhadas se derramam sobre praias de areia branca desertas banhadas pelo mar turquesa, formando um lindo contraste. Onde pescadores em vilas perdidas estendem sua rede na colheita diária do almoço, acompanhados de perto pelas gaivotas. Mas la existe tb a caatinga, cujos galhos ressequidos não se deixam verdejar pela aproximação do oceano, e cuja rudeza agreste parece coroar aquele cenário peculiar já formado. E o melhor é q td isso esta longe de qq muvuca do turismo convencional. Mandacarus, bodes e jegues parecem apenas querer criar uma moldura p/ dar proteção a este pedacinho quase intocado de Brasil. Um pedacinho onde o mar vira sertão e sertão vira mar, neste Brasil de sal e sol.

Parte de texto do artigo “Costa Branca (RN)...a pé!”,publicado em 17/03/2009 no site Mochileiros. com

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Vídeo e Texto




O Texto
O destino do quadro Tô de Folga é Areia Branca, no Rio Grande do Norte. A maior riqueza da cidade é também o que mais atrai os turistas: as minas de sal.
De Natal até lá são 330 km pela BR304 e BR310 depois de Mossoró.
Na entrada da cidade já dá pra ver a maior riqueza de Areia Branca: o sal. Com a evaporação da água do mar, o sal vai se depositando nas margens dos tanques. Na cidade, dá pra pegar uma balsa pelo rio Ivipanim e ver as salinas ainda mais de perto.

“Nós estamos aqui numa região, que apesar de litorânea, é quente é seca. Tudo isso favorece pra essa grande produção de sal”, explica Francisco Melo, secretário do Turismo de Areia Branca.

As visitas às salinas são gratuitas nos horários comerciais. Dá pra pegar o sal com a mão e tirar foto ao lado das pilhas.

Em barcaças são transportadas 1200 toneladas de sal das salinas para o terminal Porto-Ilha. Ao todo, por ano, nas três salinas de Areia Branca, são produzidas 700 mil toneladas. Produto que é consumido tanto internamente quanto exportado.
Areia Branca tem 45 quilômetros de litoral. São seis praias. Só uma é urbana.
Uma das características da praia de Upanema é que nas horas de maré seca é possível andar vários metros mar adentro com a água abaixo do joelho. “É sempre calmo e sempre muito confiável pra gente estar com as crianças”, diz a dona de casa Carla da Silva Santos.

A cidade tem um hotel e dez pousadas com diárias variando entre 60 e 110 reais. É também por lá que se pode fazer uma pausa para o almoço. Os pratos custam de 15 a 30 reais e a especialidade são os frutos do mar.
“A gente pediu um ensopadozinho de búzios, acompanhando uma farofinha e uma macaxeirazinha frita. Estava ótimo”, conta o músico Giovane Azevedo.
As outras praias são isoladas. O charme é ir pela beira-mar. Na praia Baixa Grande o turista fica praticamente sozinho. Na São Cristóvão, o movimento fica por conta dos pescadores.

De um lado vegetação típica do sertão: algaroba, jurema, cacto. Do outro as belezas do litoral. São essas as características que fazem a diferença nas praias da região.
“Interessante, né? Você percebe nitidamente a vegetação mudando. Mas o principal são as dunas. Elas são um aspecto particular aqui”, comenta o turista Arlindo Flávio da Conceição.

Ponta do Mel foi cenário de filme: "Maria, mãe do filho de Deus", do padre Marcelo Rossi. A parte da crucificação foi gravada em uma falésia de lá e virou ponto de visitação.
Areia Branca é um passeio perfeito pra quem quer curtir a folga num lugar bem tranquilo.

(Informações da Globo.com/Jornal Hoje).

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O Céu Que Nos Protege


Poderia começar dizendo do frio na barriga de pura emoção na saída de Natal quando a voz linda de Zizi Possi cantou como se adivinhasse como eu estava “prepare seu coração pras coisas que vou contar...”
Poderia sim, mas, para ser honesta, vou contar que a emoção foi de bem antes, foi há duas semanas, quando liguei para Antonia Zilma e perguntei se a cidade de Areia Branca ficava perto de Mossoró e ouvi um “sim, mas ou menos uns 40 mim.. por quê?”
Poderia dizer que quase sem fôlego contei que iria realizar um trabalho por lá - sobre o qual escreverei oportunamente - e finalmente iria conhecer cada um de vocês e abraçá-los.
Poderia dizer que a emoção maior foi comunicá-los da minha ida e receber de todos um carinhoso “seja bem vinda, estaremos lhe esperando”... poderia e direi da felicidade que foi ser acolhida assim!
Ah, queridos não imaginam a alegria, a felicidade com que esperei chegar a viagem para realizar o trabalho e finalmente, poder encontrar e abraçar quem faz parte da minha vida, mesmo que de uma forma pouco convencional, como é a via virtual.
Certamente que a emoção e o carinho, o respeito e a amizade que nos aproximou sempre foi muito real, me fez/faz muito bem e poder sentir isso de perto foi um presente maravilhoso! Meu mantra “Por sorte ou merecimento cada palavra desejo, por paixão, encantamento cada desejo, palavra”... funcionou muito bem em relação a vocês e eu fui recepcionada como amigos tratam seus afetos: com alegria, gentileza, delicadeza e carinho suficientes para abastecer meu coração e minha alma para sempre!
Creio firmemente também que nos encontraríamos qualquer dia desses, quem sabe em algum encontro programado por nós mesmos, para esse fim, ou algum encontro de educadores, mas, protegida que sou pelos céus, a própria vida se antecipou e nos oportunizou esse momento e nem preciso dizer o quanto agradeço. Realizado o trabalho ao longo do longo dia 18, lá estava eu abrindo a porta para os abraços tão esperados!
Noite perfeita! Foi um prazer desfrutar da companhia de pessoas tão queridas e ainda fazer novos amigos, como o impagável, agora imortal Mário Gerson, de simpatia e humor cativantes e o gentil e carismático poeta Antonio Francisco.
Nosso encontro foi mais que um encontro. Foi um reencontro de almas que amam a literatura e buscam o convívio de iguais na missão que cada um vive, nessa dimensão. Uma emoção que só a poesia da vida poderia descrever e por isso quero me dirigir a cada uma e cada um, para agradecer e dizer da minha alegria.

Edna Lopes, no Recantos das Letras em 22/10/10
Imagem: Rio Ivipanim

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O Plano Diretor de Areia Branca


Artigo nº 01 - Giácomo Palumbo e o Plano Diretor de Areia Branca.

GIÁCOMO PALUMBO, arquiteto e urbanista italiano foi convidado na década de 20 pelo governador Juvenal Lamartine para elaborar o que chamou de "Plano de sistematização urbana de Natal".

Foi uma proposta técnica antecipadora e que grandes benefícios trouxe para o desenvolvimento urbano da nossa cidade.

FRANCISCO FAUSTO DE SOUZA, foi o primeiro Prefeito Municipal eleito do Município de Areia Branca, no triênio 1929/1931.

Exerceu também, por seismandatos, o cargo eletivo de deputado estadual. Era Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN, historiador e genealogista, autor doensaio "À guisa da história do município de Areia Branca " e " História de Mossoró", obras publicadas em 1979 pela Editora Universitáriada UFPB.Patrono daCadeira 35 da Academia Norte-Riograndense de Letras por indicação de Luís da Câmara Cascudo, hoje ocupada pelo Prof.

João Batista Cascudo Rodrigues, de Mossoró, Cel. Fausto, como era conhecido, é nome de rua em Areia Branca,Mossoró e Natal, além de patrono da Loja Maçônica da cidade que tão bem dirigiu.Giácomo Palumo e Cel. Fausto eram amigos.

A informação nos foi dada pelo seu filho, historiador Luís Fausto de Medeiros, em 1978. Luís Fausto, grande batalhador pelo porto de Areia Branca, que inclusive leva o seu nome, é pai do Ministro do STJT, Dr. Francisco Fausto de Medeiros, também testemunha das várias vezes em que seu pai narrou o fato objeto deste trabalho.Homem de visão, o Cel. Fausto solicitou de Palumbo um plano para disciplinar o crescimento da sua cidade. O arquiteto e urbanista italiano esboçou o plano após solicitar e receber de Fausto, uma planta topográfica da cidade, inclusive com observações de suas características geográficas.

A boa disposição urbana da cidade chama a atenção de leigos e estudiosos do assunto. O historiador e folclorista areiabranquense Deífilo Gurgel, em artigo feito par O Poti em 12/02/89 intitulado "Areia Branca, meu amor, " já chamava atenção para o fato, embora dando autoria do plano ao próprio Cel. Fausto que, na realidade, foi apenas o executor do trabalho do arquiteto italiano. A concepção é inteligente e, na sua essência, assemelha-se à de Brasília: um eixo central traçado a partir de uma perpendicular ao Rio Mossoró e contendo os edifícios públicos (Igreja, praça, prefeitura, mercado público, usina, escola Conselheiro Brito Guerra, praça de esportes - hoje INSS - correios, clube, posto de saúde,praça e maternidade), duas ruas paralelas ao eixo principal e destinadas ao comércio e serviços e as ruas e alamedas transversais, exatamente duas asas,norte e sul, destinadas às residências. Organizou também o cemitério, o matadouro público e uma das maiores bibliotecas públicas do Estado naquela ocasião, além de vários outros equipamentos comunitários.Pelo levantamento que estamos procedendo, somados à documentação fornecida por Luís Fausto, com comovente dedicatória, tudo indica que o plano de Areia Branca foi feito antes do de Natal. Na UFRN, procedemos a um estudo comparativo entre as propostas urbanas feitas para as duas cidades, objetivando detectar pontos comuns entre elas.

Sobre Natal já existe uma boa documentação. No caso de Areia branca, estamos colhendo ainda novos elementos. Sendo uma pessoa ligada ao Cel.Fausto por laços familiares, o esforço de pesquisa tem sido concentrado na tradiçãooral dos parentes ainda vivos, contemporâneos do ilustre homem público. O trabalho é um desafio muito grande pois a iniciativa de Fausto só tem paralelo para a época no grande trabalho de Januário Cicco sobre o saneamento urbano de Natal, obra intitulada "Como se higienizaria Natal"',documento raro cuja cópia nos foi fornecida pelo saudoso Hélio Galvão.

Estamos divulgando agora os primeiros resultados da nossa pesquisa, numa hora em que Natal se encontra num ponto crucial da sua história. Tentamos mostrar ser o urbanismo, mais do que a arquitetura, a nossa grande tradição cultural e a cidade, após o aniversário de 400 anos, ter a noção de que não deve perder a sua qualidade de vida do presente - já ameaçada - nem os caminhos do futuro.

Também como forma de alertar aos nossos dirigentes no sentido de cumprirem o preceito constitucional - Capítulo II - Da Política Urbana - O Rio Grande do Norte tem 22 municípios enquadrados nesta lei, mas só Natal possui o seu plano.Este fato, por si só, revela a grandeza do espirito de Francisco Fausto, quando há mais de meio século, sem qualquer exigência legal, apenas calcado na sua visão administrativa, dotou uma pequena cidade do interior do Estado de um Plano Urbanístico para disciplinar o seu espaço urbano.

Ronald de Góes - Arquiteto e Urbanista/Prof. Da UFRN.