sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Crônicas Natalenses



Animação de Regatas

Comecei a gostar de Natal desde menino. Meu pai era juiz de Direito em Mossoró, onde nasci e vivi a primeira infância, inesquecível. Nomeado desembargador, ele mudou-se para Natal. Embarcamos num “ita”, no porto de Areia Branca. Era 1918.
Moramos noTirol, rodeados de cajueiros, de flores tão cheirosas e mangabeiras, de frutos deliciosos. Sentíamos-nos deslumbrados com a beleza dos morros circundantes, sempre verdes.
O bonde elétrico ligava o bairro ao Centro e à Ribeira, onde ficava o meu Grupo Escolar, O Augusto Severo, numa praça então encantadora. Por coincidência, mais de 30 anos depois, eu dirigiria a Faculdade de Direito no mesmo prédio do grupo.
Os passeios a pé, com os mais velhos da família, pelas amplas avenidas da Cidade Nova, quase despovoada ainda, as idas à Praia do Meio, Areia Preta e Limpa, constituíram prazer enorme.
Em Natal concluí os estudos primários e os secundários, estes no velho Atheneu. Pratiquei esportes, nadando no Potengí e jogando futebol na no campo da Liga. Recordo a animação das regatas.
Aqui me casei e todos os meus filhos e muitos netos aqui nasceram. Também aqui desempenhei inúmeras funções funções públicas e privadas. Fiz amigos e camaradas. Via a cidade crescer, participando de sua vida cultural e religiosa, tendo a esposa ao meu lado, colaborando, estimulando. Vi os filhos irem tomando os seus rumos.
Fui testemunha da chegada de ousados pioneiros da aviação ao “Cais da Europa”, dos dias tensos da Segunda Guerra, com noites de escuridão precavida, das levas de soldados americanos da passagem de personagens importantes no cenário mundial.
Tudo isto me ligou a Natal e quando viajo a melhor coisa é voltar, pois aqui vivi minha mocidade e amadureci na vida.

Otto de Brito Guerra

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